Mide Bahr, a fandangueira das Mercês
Publicado originalmente na versão impressa
Ela é uma
das principais divulgadoras e defensoras do fandango no Estado
Mide recebeu o título de Membro Acadêmico Correspondente da Academia Soberana Brasileira de Artes |
Desde que nasceu, Cremildes Ferreira Bahr mora nas Mercês.
Só por isso, talvez não fosse uma pessoa interessante. D. Mide, como é
conhecida no seu bairro, em toda Curitiba e em várias cidades paranaenses, vive
integralmente suas paixões, entre elas, a música, compondo e desenvolvendo um
importante trabalho de preservação da cultura do Paraná. E isso tem tudo a ver
com suas influências de infância e heranças genéticas.
Tudo começou com o seu pai, Abelardo Rodrigues, carioca bem
chegado ao violão, que chegou como cozinheiro de um navio ao porto Barão de
Teffé, em Antonina, em 1917, então o quarto maior porto brasileiro. Ali
conheceu Maria Luiza Chichorro, a Mariquinha, com quem se casou e teve nove
filhos, dos quais três homens e seis mulheres, todos com destacado talento
musical. O mais conhecido dos seus irmãos é Palminor Rodrigues Ferreira, o
Lápis, o compositor popular paranaense de maior relevância na história do estado,
que foi tema de reportagem na última edição do Jornal do Quintal
»»O Fandango
A maior paixão de D. Mide é o fandango do Paraná. Em 1969,
montou com o apoio do professor Inami Custódio Pinto, a Associação
Tradicionalista Gralha Azul, um grupo de dissidentes do CTG curitibano “20 de
setembro” e, durante muito tempo eles organizaram eventos, mobilizando escolas
e prefeituras em torno das suas propostas. “Mas era um grupo que apresentava
vários tipos de manifestações culturais dos três estados do sul”, conta. D.
Mide notou que no Paraná, ao contrário do Rio Grande do Sul, as tradições
culturais eram bastante desprezadas. “Ninguém conhecia, e hoje ainda poucos
conhecem o fandango. Foi justamente para suprir esta lacuna que Mide reuniu
interessados na mesma causa para constituir o Grupo Meu Paraná, em 1987, também
com o apoio do professor Inami, com quem já pesquisava sobre o fandango desde
1964. O trabalho do grupo ganhou destaque com apresentações em escolas,
universidades e em vários eventos culturais.
»»Fandango paranaense
na Europa
Premiado em diversos festivais brasileiros, em 1989, através
da Secretaria de Estado de Cultura do Paraná, o grupo fez treze apresentações
em Bruxelas e outras cidades da Bélgica. Em Oostende, participou de um festival
de folclore a convite da Federatice Vlause Socialistche Volksunstgroepen.
Em 1993 foi fundada a “Casa do Fandango – Centro de Cultura
Popular Meu Paraná”, a qual se dedica ao trabalho de apoio às escolas e
universidades, no que diz respeito à pesquisa e divulgação da cultura popular
paranaense.
»»Adesões populares
Hoje, o Fandango que ganha a adesão de grupos musicais e
artistas como Terra Sonora, Rogério Gulin, Grupo Fato, entre outros, que vão
buscar na fonte informações sobre a cultura popular do litoral, como os grupos
dos irmãos Pereira, em Guaraqueçaba, e grupos da Ilha do Valadares, em
Paranaguá.
Mide conta que se dedica ao fandango há 30 ano. Mas seu
grupo, o Meu Paraná, que tem um belíssimo CD gravado, ainda depende de espaço
emprestado para os ensaios. Por outro lado, tem recebido inúmeros convites para
se apresentar, principalmente nas escolas. E todas as terças-feiras, das 14 às
17h, Mide faz “plantão voluntário” no Conservatório de MPB de Curitiba para
contar tudo o que sabe do fandango. Ela tem sido procurada principalmente por
universitários.
No dia 28 de março de 2012, Mide recebeu o título de Membro
Acadêmico Correspondente da Academia Soberana Brasileira de Artes do Estado do
Rio de Janeiro (ASBAERJ) e o reconhecimento por seu trabalho na preservação da
cultura paranaense é destacado por vários intelectuais do Estado. Por serem os
pioneiros na divulgação do fandango paranaense na Europa, os membros do Grupo
Meu Paraná receberam o título de Bichos do Paraná.
»»Baronesa do
Folclore
No dia 21 de abril, último, Mide recebeu da Soberana Ordem
do Sapo, o título de Baronesa do Folclore. A Soberana Ordem do Sapo é uma
confraria inspirada no Jornal O Sapo, de 1898. Fundada para promover a cultura,
civismo e comunicação. Emite título de barões e baronesas para pessoas que
tiveram ações especiais e que merecem destaque. Os títulos são concedidos em
cerimônias de sagração. Foi fundada por Vasco Taborda Ribas e o segundo
presidente foi Apollo Taborda França.
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