Mide Bahr, a fandangueira das Mercês

Do Quintal | 11:55 |


Publicado originalmente na versão impressa
Ela é uma das principais divulgadoras e defensoras do fandango no Estado
Mide recebeu o título de Membro
Acadêmico Correspondente
da Academia Soberana Brasileira de Artes
Desde que nasceu, Cremildes Ferreira Bahr mora nas Mercês. Só por isso, talvez não fosse uma pessoa interessante. D. Mide, como é conhecida no seu bairro, em toda Curitiba e em várias cidades paranaenses, vive integralmente suas paixões, entre elas, a música, compondo e desenvolvendo um importante trabalho de preservação da cultura do Paraná. E isso tem tudo a ver com suas influências de infância e heranças genéticas.
Tudo começou com o seu pai, Abelardo Rodrigues, carioca bem chegado ao violão, que chegou como cozinheiro de um navio ao porto Barão de Teffé, em Antonina, em 1917, então o quarto maior porto brasileiro. Ali conheceu Maria Luiza Chichorro, a Mariquinha, com quem se casou e teve nove filhos, dos quais três homens e seis mulheres, todos com destacado talento musical. O mais conhecido dos seus irmãos é Palminor Rodrigues Ferreira, o Lápis, o compositor popular paranaense de maior relevância na história do estado, que foi tema de reportagem na última edição do Jornal do Quintal
»»O Fandango
A maior paixão de D. Mide é o fandango do Paraná. Em 1969, montou com o apoio do professor Inami Custódio Pinto, a Associação Tradicionalista Gralha Azul, um grupo de dissidentes do CTG curitibano “20 de setembro” e, durante muito tempo eles organizaram eventos, mobilizando escolas e prefeituras em torno das suas propostas. “Mas era um grupo que apresentava vários tipos de manifestações culturais dos três estados do sul”, conta. D. Mide notou que no Paraná, ao contrário do Rio Grande do Sul, as tradições culturais eram bastante desprezadas. “Ninguém conhecia, e hoje ainda poucos conhecem o fandango. Foi justamente para suprir esta lacuna que Mide reuniu interessados na mesma causa para constituir o Grupo Meu Paraná, em 1987, também com o apoio do professor Inami, com quem já pesquisava sobre o fandango desde 1964. O trabalho do grupo ganhou destaque com apresentações em escolas, universidades e em vários eventos culturais.
»»Fandango paranaense na Europa
Premiado em diversos festivais brasileiros, em 1989, através da Secretaria de Estado de Cultura do Paraná, o grupo fez treze apresentações em Bruxelas e outras cidades da Bélgica. Em Oostende, participou de um festival de folclore a convite da Federatice Vlause Socialistche Volksunstgroepen.
Em 1993 foi fundada a “Casa do Fandango – Centro de Cultura Popular Meu Paraná”, a qual se dedica ao trabalho de apoio às escolas e universidades, no que diz respeito à pesquisa e divulgação da cultura popular paranaense.
»»Adesões populares
Hoje, o Fandango que ganha a adesão de grupos musicais e artistas como Terra Sonora, Rogério Gulin, Grupo Fato, entre outros, que vão buscar na fonte informações sobre a cultura popular do litoral, como os grupos dos irmãos Pereira, em Guaraqueçaba, e grupos da Ilha do Valadares, em Paranaguá.
Mide conta que se dedica ao fandango há 30 ano. Mas seu grupo, o Meu Paraná, que tem um belíssimo CD gravado, ainda depende de espaço emprestado para os ensaios. Por outro lado, tem recebido inúmeros convites para se apresentar, principalmente nas escolas. E todas as terças-feiras, das 14 às 17h, Mide faz “plantão voluntário” no Conservatório de MPB de Curitiba para contar tudo o que sabe do fandango. Ela tem sido procurada principalmente por universitários.
No dia 28 de março de 2012, Mide recebeu o título de Membro Acadêmico Correspondente da Academia Soberana Brasileira de Artes do Estado do Rio de Janeiro (ASBAERJ) e o reconhecimento por seu trabalho na preservação da cultura paranaense é destacado por vários intelectuais do Estado. Por serem os pioneiros na divulgação do fandango paranaense na Europa, os membros do Grupo Meu Paraná receberam o título de Bichos do Paraná.
»»Baronesa do Folclore
No dia 21 de abril, último, Mide recebeu da Soberana Ordem do Sapo, o título de Baronesa do Folclore. A Soberana Ordem do Sapo é uma confraria inspirada no Jornal O Sapo, de 1898. Fundada para promover a cultura, civismo e comunicação. Emite título de barões e baronesas para pessoas que tiveram ações especiais e que merecem destaque. Os títulos são concedidos em cerimônias de sagração. Foi fundada por Vasco Taborda Ribas e o segundo presidente foi Apollo Taborda França.

TUDO SOBRE:: ,


COMENTÁRIOS: