Antenado

Do Quintal | 12:07 |

Crônica enviada pelo poeta Roberto Bittencourt: 

Foto de João de Noronha
"Casa nova, bairro novo e também o ânimo se renova. Ainda que do Vista Alegre até o Pilarzinho seja um pulo, como se diz, os ares de ambos os bairros são distintos e isso se percebe dos buracos nas ruas aos beirais com lambrequins. Tanto num quanto noutro, peculiaridades.
Mas o que importa, o que quero contar por puro desejo de compartilhar contigo é sobre a sensação de vir morar num bairro que, muito antes de frequentar as 


páginas policiais, o que hoje não é privilégio deste ou daquele, atiçava a minha imaginação nas noites solitárias dos anos 70, quando cheguei em Curitiba: na Cruz do Pilarzinho, próximo à Cruz do Pilarzinho... 
Talvez pela ainda recente proximidade dos rituais católicos que, de algum modo, povoavam o meu imaginário desde menino. O fato é que sempre alguém interessante morava por ali ou alguma coisa curiosa, alguma coisa boa acontecia na região da Cruz... E isso persistiu até a poucos anos, quando, já morando no Vista Alegre, resolvo esticar uma caminhada até a feira-livre que, em frente à Cruz, funciona aos sábados pela manhã. Não, se fosse um bairro distante do centro de Curitiba, um Sítio Cercado, um Atuba tudo bem, mas aqui, a dez minutos do centro... Bem, como nada acontece por acaso, aqui estou a arrumar pertences, a contribuir com um dos sistemas de habitação e a aguardar a estúpida lentidão de uma das operadoras de telefonia fixa para, depois de um mês, enfim, visitar minha caixa de mensagens, atualizar meu blog e fazer uma ligação para Campos Novos.
Imaginas que tudo acontece assim mesmo: a Cruz fica logo ali; sei que a Verinha mora na região, apesar de não ter me ligado como prometeu; sei que o Douglas também mora, ali, mais para baixo e que existe o Bar do Osni na minha rua, onde a única coisa de que eu não gosto é do som extremamente alto que rola, de vez em quando, por ali. Mas uma das coisas que mais me impressiona é o fato de eu vir morar aqui no tão ouvido, no tão sonhado, no tão querido e desejado Pilarzinho, justamente bem próximo à Cruz, que, hoje, já não causa aquele tipo de impressão de outrora. Mas que permanece marco num espaço onde, além do poeta Paulo Leminski estruturar sua inquietação, seus caprichos e seus relaxos e de o Helio Leites abotoar-se todo, também o Edílson Del Grossi e o Roberto Prado elevam suas antenas no enredar das torres que aqui se alinham."
Roberto Bittencourt

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