O adeus ao Sanatório Bom Retiro

Do Quintal | 11:17 |

Ele dará lugar a apartamentos e lojas.

O Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro está deixando o bairro , após 67 anos funcionando no número 1.552 da rua Nilo Peçanha. E com o “Sanatório” vai embora o principal marco da história do Bom Retiro, uma vez que o próprio nome do bairro surgiu dele. Seu prédio original será demolido nos próximos dias, e em seu lugar a incorporadora Invespark construirá prédios residenciais e um conjunto comercial. A Federação Espirita do Paraná (FEP) receberá em troca 150 lojas no local. O Hospital será transferido para uma unidade própria da Federação Espírita do Paraná (FEP), atrás do Supermercado Big da Avenida das Torres, no Jardim Botânico.


A decisão de demolir o prédio histórico do bairro gerou muitas críticas e uma ampla discussão entre os membros dos 323 centros espíritas que compõe a Federação Paranaense. Os muros do local do Hospital chegaram a ser pichados em protesto. Os contrários à demolição alegam que a construção e o terreno foram fruto de doação de Lins de Vasconcellos (1891-1952), figura histórica do espiritismo, cujo corpo está sepultado no jardim da instituição. E que, portanto, a venda e sua demolição seriam um desrespeito à sua memória. Do outro lado, os que alegam que a estrutura e dependências do antigo prédio já não são compatíveis com as exigências atuais do atendimento psiquiátrico.
Segundo a FEP, os restos mortais de Lins de Vasconcellos, serão levados para outro espaço própria da Federação, em Balsa Nova.
Por 150 lojas
O prédio foi iniciado nos anos 1920.
O ex-presidente e atual vice-presidente da Federação Espírita do Paraná (FEP), Francisco Ferraz Batista, afirma que a área, de 65 mil metros quadrados, não foi vendida, mas “ incorporada”, e que em troca a entidade receberá um conjunto de 150 lojas para explorar comercialmente. Em entrevista exclusiva ao jornal Do Quintal, Francisco Batista ressaltou que a transação não foi decidida por ele, mas pelos 41 membros do Conselho Federativo Estadual, após mais de dois anos de discussões.
O ex-presidente da FEP explica que o Hospital atende atualmente a cerca de 140 pacientes, 60% pelo SUS, mantém cerca de 160 funcionários, e que há vários anos tem registrado déficits nas contas. Entre os gastos estão os oriundos de processos de familiares de pacientes que se suicidaram ou morreram durante o tratamento. Ele cita também que por serem instalações antigas, a cada ano gasta-se mais na manutenção dos prédios, sem poder resolver seus problemas estruturais.  Continuando assim, diz, o próprio funcionamento do Hospital poderia ficar comprometido.
O vice-presidente da FEP diz que a avaliação é que com a locação das 150 lojas haja uma arrecadação mensal em torno de R$ 420 mil, com a qual será possível inclusive investir mais no atendimento do hospital e em outras obras sociais.
O administrador do Hospital, Marco Antônio Negrão, explica que o Hospital Psiquiátrico manterá o nome original mesmo no novo bairro. E oferecerá vagas para 122 pacientes. 
História
A área total onde está instalado o Hospital Espírita de Psiquiatria, na Nilo Peçanha entre as ruas Comendador Lustoza e a Professor Macedo Filho, tem  exatos 65.594 metros quadrados, mas deles somente  24 mil metros poderão ser utilizados no futuro empreendimento. O restante é área de mata que por lei não pode ser mexida.
O terreno pertencia à família Macedo e foi adquirido por 45 contos de réis pela Federação Espírita do Paraná em 1924, quando era seu presidente o engenheiro agrônomo e empresário Arthur Lins de Vasconcellos Lopes.  
A idéia de se construir um hospital espírita surgira quatro anos antes e desde então começou-se a buscar um local adequado. A área foi escolhida em função de ser uma região tranqüila, um local embora próximo do centro, retirado da agitação urbana. Daí o nome escolhido: Bom Retiro.
Na época, a região ainda era conhecida como parte do Pilarzinho. Só a partir da inauguração do Sanatório, que ela começaria a ser chamada popularmente de “a área do Bom Retiro”.
A obra foi iniciada no final dos anos 20, mas como dependia de doações, andou devagar e parou em 1938. Foi então que Lins de Vasconcellos e sua esposa, dona Hercília, fizeram a vultosa doação de 100 contos de réis, o suficiente para a conclusão das obras, o que só ocorreria em 1945. A inauguração oficial foi em 31 de março desse ano, mas ele só começaria a funcionar em 24 de junho de 1946. 
Apartamentos e lojas

A Invespark Empreendimentos Imobiliários, escolhida entre outros três grupos que apresentaram interesse na área, é de Curitiba. Ela foi criada há 10 anos pelo empresário Cláudio Roth, dono também da rede de estacionamentos Auto Park.
No último contato que tivemos com o diretor de Incorporações da Invespark, Eduardo Quiza, no ano passado, ele explicou que ainda não havia um projeto para o imóvel, e que ele só seria definido após um estudo aprofundado da área, que contém várias nascentes e uma ampla reserva de mata. Já é sabido que dos pouco mais de 65 mil m2, só é possível construir em 24 mil deles.
O que ele adiantou é que devem ser três torres de cinco andares destinadas a unidades habitacionais e um conjunto comercial. A quantidade e o tamanho de cada apartamento dependerão não só do estudo da área,  como de uma pesquisa de mercado e do relatório ambiental.
Eduardo dizia, porém, que não seriam apartamentos compactos, de 35m2 a 50m2, um dos carros-chefes da Invespark.  Pelo perfil da área, afirmava ele, provavelmente serão de três quartos, ou 100 m2, mas isso só será definido no próximo ano. O prazo de entrega da obra é de dois anos. (DSF)



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