Lenzi, o mago da arte em painéis e vitrais
Lenzi em seu atelier |
Por muitos anos morador do Pilarzinho, artista tem obras espalhadas por Curitiba e por vários países
- Erly Ricci -
Adoaldo Lenzi não é um artista comum. Mestre dos murais de
cerâmica e pedra, mosaicos e vitrais, suas obras estão espalhada por toda
Curitiba, por todo o Paraná, por vários estados brasileiros e por países como
Alemanha, Paraguai e Argentina. Nascido em Jaraguá do Sul (SC), Lenzi chegou a
Curitiba com 12 anos de idade e foi morar com os pais e mais oito irmãos no
Pilarzinho, numa região onde, hoje, virou Bom Retiro, na Hugo Simas. Mais
tarde, foi morar próximo a Cruz do Pilarzinho e por ali fundou a associação dos
moradores.
Sua vida na arte começou quando, ainda recentemente morador
na capital paranaense, um dos seus irmãos conseguiu emprego no estúdio do
artista João Frederico Gener, especialista em mosaicos e vitrais. Como irmão
caçula, foi apresentado para trabalhar no estúdio como uma espécie de faz tudo:
carregar, varrer, limpar, etc.
Vitrais
Painel feito para a Sanepar |
Arte Musiva
Painel para a Itaipu Binacional |
O grande aprendizado
Esse foi o início do seu grande aprendizado que, em paralelo
aos estudos no Colégio Estadual do Paraná, seria interrompido aos 18 anos,
quando o Exército o chamou para servir no Rio de Janeiro. A dedicação exclusiva
ao serviço, porém, durou pouco tempo. No quartel, ele logo descobriu um mosaico
decorativo que estava precisando de restauração. Oferecendo-se para o trabalho,
teve a felicidade de não apenas ser autorizado, mas também a de ganhar a
orientação de Freda Bonds, professora da Escola Nacional de Belas Artes.
A professora, percebendo o talento do jovem soldado, o
convidou para freqüentar o curso de mosaicos que lecionava na Escola. O quartel
liberou suas tardes para que fosse às aulas, nas quais ele continuou marcando
presença mesmo depois de terminado o serviço militar. Com isso, na então
Capital da República, Lenzi acabaria conhecendo muitos artistas importantes,
como seu conterrâneo catarinense Juarez Machado, o arquiteto Oscar Niemeyer e o
grande mestre paranaense Poty Lazarotto, que alguns anos depois viria a ser seu
grande parceiro.
No estúdio atual, em Almirante Tamandaré, onde está produzindo alguns painéis para a UFPR |
Com estúdio próprio
Em 1966, de volta a Curitiba, cidade que adora, retornou ao
estúdio do mestre Gener para trabalhar por mais três anos. Em 1969, finalmente,
montou o próprio estúdio, onde poderia se dedicar a projetos de desafio como,
por exemplo, a restauração dos vitrais da Catedral de Curitiba. Com orgulho,
ele conta hoje que “depenou” a igreja: tirou todos os vitrais, recuperou os que
estavam quebrados e deixou tudo como se fosse novo.
A obra de Lenzi é freqüentemente associada aos painéis que
fez em parceria com Poty Lazarotto. Ele, porém, é muito requisitado e reconhecido
por suas obras autorais com mosaico e vitrais, além dos painéis cerâmicos.
O maior vitral do mundo, na Igreja de Santo Estanislau, em Curitiba |
O maior vitral do mundo
Lenzi é responsável, por exemplo, pela confecção de dois
vitrais ligados a visitas do Papa João Paulo II. Em 1980, ano em que João Paulo
veio a Curitiba, o artista foi convocado para fazer um vitral homenageando o
pontífice. Construído em tempo recorde, 30 dias, é o único vitral no mundo que,
quando feito, representava uma pessoa viva e, por isso, os detalhes deveriam
ser muito fiéis. A obra, de 1,30x4,75m, foi instalada na Igreja de Santo
Estanislau, em Curitiba, e utilizou 2 mil e 800 cacos de vidro em 45
tonalidades de cor. O vitral foi inaugurado no dia 18 de maio de 1980, alguns
dias antes da chegada do Papa, que infelizmente não pôde visitar a igreja e
conhecer a homenagem.
Já em 1988, Lenzi e Osmar Horstmann criaram o maior vitral
da América Latina na Basílica de Caacupê, a 49 km de Assunção, capital do
Paraguai. O trabalho tem 350 metros quadrados. Dessa vez sim, a inauguração da
Basílica teve a presença do Papa, que pôde conferir a beleza feita pelos
vitralistas brasileiros.
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