FEP já recebeu parte dos recursos da venda do Hospital Bom retiro

Do Quintal | 11:53 |

A mata cobre a maior parte do terreno.
Caso o prédio do Hospital Psiquiátrico Bom Retiro seja considerado de interesse para preservação pela comissão municipal que avalia o imóvel, o contrato de venda e incorporação firmado entre a proprietária, a Federação Espírita do Paraná (FEP) e a Invespark Empreendimentos Imobiliários, será quebrado. A informação é do diretor de incorporações da empresa, Eduardo Quiza. Segundo ele, a Invespark já adiantou R$ 8 milhões e 500 mil à FEP para investimento no novo hospital, que já funciona no bairro Jardim Botânico, próximo ao BIG Avenida das Torres. Procurados para comentar o assunto na última semana, o presidente da FEP, Luiz Henrique da Silva, e o atual vice e ex-presidente da entidade, Francisco Ferraz Batista, não retornaram as ligações.


A diretoria, porém, divulgou nota no site da FEP na qual diz que parte dos recursos para a construção do novo hospital (não citou o valor) de fato veio da Invespark, a partir do contrato firmado. E também conta os motivos pelos quais realizou a transação.
Segundo a nota, a venda e incorporação à Invespark deram-se após aprovação por 40 dos 41 membros do Conselho Federativo Estadual. O motivo, diz a nota, foi devido ao fato de o antigo prédio, inaugurado em 1945, não atender mais às exigências do moderno serviço manicomial, conforme as atuais normas do Ministério da Saúde e Anvisa. Cita também que, pelas suas características arquitetônicas, o prédio não consta na catalogação da Prefeitura de imóveis sujeitos ao tombamento.
Em relação ao bosque que cobre a maior parte da área total de 65 mil metros quadrados, a FEP afirma que será preservada conforme o que determina a legislação ambiental.
Procurada pelo Do Quintal, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, informou que a área ainda não é oficialmente protegida, pois ainda não chegou nenhum processo no órgão para avaliação. E que esse seria o trâmite normal para que a área exata a ser preservada seja oficializada.
Informações incorretas
O diretor de Incorporações da Invespark, Eduardo Quiza, em entrevista ao Do Quintal, afirmou que enquanto aguarda o resultado da avaliação da comissão, que ainda não tem data para ser anunciado, a mídia vem divulgando várias  informações fantasiosas sobre área.
Segundo Quiza, as distorções começaram já nas notícias sobre a retirada das janelas do prédio do Hospital. As janelas foram realmente tiradas, mas segundo o diretor da Invespark, quem o fez foi a própria Federação Espírita e não a empresa. “Nem poderíamos fazê-lo, pois ainda não temos a posse do imóvel”, explicou Quiza.
Segundo ele, também sobre a vegetação que cobre a maior parte da área, as informações divulgadas pela mídia não batem com a realidade, como a de que a mata no local abrangeria 20 mil metros quadrados,  incluiria cerca de 700 pinheiros do Paraná e que correria risco de ser derrubada. Quiza disse que, como já afirmara em dezembro, desde que o contrato com a FEP foi firmado, sabia-se que a empresa não poderia construir na faixa de mata. E que a reserva é maior do que vem sendo divulgado, ou seja, de 35 mil metros quadrados.
Sobre a composição da mata, o diretor apresentou à reportagem  relatório do levantamento interno feito na área, que é a primeira fase para elaboração do projeto a ser apresentado à Prefeitura. De acordo com o estudo preliminar, a área abriga várias nascentes, possui cerca de 40 pinheiros do Paraná e 21 espécies de árvores nativas.  O restante são árvores exóticas.
Segundo Quiza, mesmo que fosse possível, não há interesse na derrubada da mata, pois a área verde é justamente um dos atrativos do empreendimento, um dos seus diferenciais. A certificação ambiental é um dos pré-requisitos para aprovação do projeto.
Prédio
Eduardo Quiza informou que ainda não está definido o que seria construído no local.  Pelo contrato, a empresa tem um prazo de 18 meses para apresentar o projeto à Prefeitura. Inicialmente, a intenção era construir três torres de cinco andares destinadas a unidades habitacionais e um com salas comerciais. As definições sobre tamanho dos apartamentos e salas e suas características, porém, dependeriam  do estudo da área e de uma pesquisa de mercado.
Quiza  disse que a Invespark já realizou empreendimentos em que constou a preservação de imóveis tombados pelo Município. E que já há algum tempo,  a empresa sabe que a manutenção de antigos prédios junto às novas edificações, além da preservação do patrimônio histórico, valoriza o próprio empreendimento e garante benefícios construtivos. É o caso, citou do edifício Lifespace Estação, da Invespark, na Rua Barão do Rio Branco, na Praça Eufrásio Correia, centro. Foi preservado no local um casarão construído em 1890, que hoje serve como hall de entrada e área de convívio.
Outro exemplo citado é o do edifício Le Parc. À frente do empreendimento, na Rua Emiliano Perneta, entre a Visconde do Rio Branco e a Visconde de Nácar, foi preservado outro casarão, que abrigará uma loja, café ou livraria.
Já no caso do imóvel do Bom Retiro não haveria interesse da empresa em prosseguir caso o prédio seja tombado. Segundo ele, a manutenção do prédio inviabilizaria o projeto, inclusive porquê na maior parte do terreno, devido à vegetação,  não será possível construir. Para ele, também, as características arquitetônicas do prédio não justificariam o seu tombamento. Neste caso, diz, o contrato seria quebrado e a FEP teria que restituir os R$ 8 milhões e 500 mil já recebidos.
Comissão
A Comissão de Avaliação do Patrimônio Cultural é formada por representantes da Secretaria Municipal de Urbanismo, IPPUC, Fundação Cultural de Curitiba e Procuradoria Geral do Município. Ela analisa se o imóvel  tem ou não importância histórica ou arquitetônica que justifique sua transformação em Unidade de Interesse de Preservação. Caso seja considerado que sim, a preservação pode ser da integralidade da edificação ou somente de sua fachada. De acordo com a assessoria de comunicação da SMU,  ainda não há previsão para a divulgação do resultado da avaliação.
PS: Para ler a nota oficial da Federação Espírita do Paraná sobre o caso, acesse o site da FEP: feparana.com.br

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