Golfinho: o apagar das luzes
Fechado, passou a criar mosquitos... |
O Clube do Golfinho, que teve seu auge nos anos 80, quando formou uma leva de campeões que o colocaram entre os principais clubes de natação do País, teve um final melancólico há nove anos. Nos últimos anos em que funcionaram, porém, as piscinas do Golfinho abrigaram um trabalho social exemplar realizado pelo renomado técnico de triatlhon Homero Cachel.
Com o afastamento dos sócios fundadores e pais dos primeiros atletas do Golfinho, o Clube entrou em declínio nos anos 90, até ser vendido para a Sociedade Juventus, que em 2003 o leiloou para pagar dívidas com o INSS. Hoje está nas mãos de um grupo de imobiliárias que o colocou à venda, mas quem o comprar não poderá construir no local, pois a Prefeitura já o definiu como “de interesse para desapropriação”.
Homero Cachel. |
Mas, até ser fechado, em 2003, o Golfinho continuou prestando um importante serviço para a comunidade do Pilarzinho. Homero Cachel, mestre em Educação Física e uma referência no Triathlon mundial, atuou por mais de 10 anos no Clube. Nos últimos tempos, havia arrendado o Golfinho junto ao Juventus e, além da formação de triatletas, ele desenvolvia no local também um trabalho voltado às crianças carentes da região.
Técnico de alguns dos principais triatletas nacionais, como Juraci Moreira - que disputou as Olímpiadas de Sidney (2000), Atenas (2004) e Pequim (2008) -, Homero investiu durante anos recursos próprios que conseguira como professor no trabalho de atendimento a crianças carentes do bairro. Ultimamente eram 176 crianças que estudavam em escolas públicas que recebiam os ensinamentos do mestre.
Apesar do esforço pessoal de Homero, o trabalho teve que ser interrompido em 2003, quando o clube foi leiloado e fechado. Hoje o técnico trabalha na Academia Be Happy, e continua formando campeões.
Fim melancólico
José dos Santos, que hoje trabalha na Loja Toque do Sol, ao lado do Golfinho na Rua São Salvador, trabalhou por seis anos na área de serviços gerais e manutenção do Clube, quando foi vendido para a Juventus, e conta que com o novo dono, houve uma mudança radical no atendimento. “Para economizar, eles mandavam desligar as caldeiras, era uma judiação para os velhinhos que faziam hidroginástica”, conta.
Jocélia Santana, também hoje funcionária da Toque de Sol, trabalhava como secretária da administração. Ela conta que logo após a Juventus leiloar o imóvel, o advogado Luiz Fernando Comegno apresentou-se como representante do novo dono e passou a administrar o Clube. Na primeira semana, lembra, já começou a quebrar os vestiários, afirmando que tudo passaria por uma reforma geral. Anunciou tempos depois que o Clube seria fechado temporariamente para as obras de melhoria. Na tarde do dia 30 de julho de 2003, reuniu os cerca de 15 funcionários e informou que todos seria desligados, mas que seriam recontratados quando o clube reabrisse. Mas isso nunca aconteceu. Tiveram que entrar com ação na Justiça do Trabalho para receberem o que tinham direito. Foi para pagá-los que o Golfinho foi leiloado, no ano passado, e arrematado pela Mansão Imóveis, de Tiago Pastre, filho do dono do Shopping Jardim das Américas.
(DSF)
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